quinta-feira, 12 de março de 2009

Perigos da Natureza (Miniconto)


- Não vá muito longe que essa floresta é perigosa, hein! - ordenou a mãe ao ver o filho se distanciar.


- Só vou até o riacho brincar um pouco. - respondeu o filho.


A mãe preparava o almoço dos dois quando ouviu a voz do filho chamando por ela. Sentiu aquele calafrio na espinha, o mesmo que sentia todas as vezes em que algo ruim estava para acontecer, e partiu em direção ao filho que se encontrava sentado perto das pedras que margiavam o riacho, observando algo do outro lado.


- Mãe, olha só que coisa mais linda aquele filhote. Que animal é aquele?


- Filho, não chega perto dele!! Esses animais são extremamente perigosos!! - bradou a mãe ainda correndo em sua direção.


- Imagina, mamãe. Olha só o tamanhozinho dele. Nem cresceu o pêlo ainda. Coitado, deve estar morrendo frio. Quem sabe podemos ajudá-lo? - disse o filho atravessando o riacho raso e indo em encontro ao outro.


A mãe apenas ouviu o estrondo ecoando por entre os galhos das árvores, mas já sabia que ele significava o pior. Quando finalmente chegou ao riacho, viu o filho boiando no meio da água, envolto por uma enorme poça de sangue. Invadiu o riacho correndo e gritando "Meu filho! Você matou meu filho!! Por que?? Por qu..." Um segundo estrondo, similar ao primeiro, calou em definitivo o choro da mãe que caíra ao lado de seu pequeno filhote. Da ponta do rifle arcaico saía a fumaça que indicava o autor daqueles disparos fatais: um garoto de 13 anos.


O pai do menino também ouvira os disparos e agora chegava ao local saindo do meio da mata. Ao ver os dois ursos caídos, fitou o filho inundado em orgulho e acenando positivamente a cabeça:


- Esse é meu garoto!! Deixa o pessoal da cidade ficar sabendo disso!!


- Pai, você precisava ver - tagarelou o garoto - eu estava aqui desse lado e o urso filhote parou e começou a me encarar, daí ele veio pra cima de mim, e mostrou os dentes e as garras, vinha pra me matar com certeza, aí eu atirei nele e aí o outro maior chegou e tentou me pegar também, aí...


Então pai e filho saíram abraçados enquanto o garoto incrementava com orgulho a história que contava, afastando-se de outra família que mantinha um abraço bem mais mórbido nas gélidas águas correntes do riacho, sem nunca imaginarem a futilidade do motivo pelo qual haviam morrido.

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