quinta-feira, 12 de março de 2009

Sala de Espera


Foram longos os minutos enquanto esperava para ser chamado à sala de cirurgia. Acompanhar o nascimento, apesar de parecer lógico, não foi uma decisão fácil. E muito mais difícil seria, caso soubesse da existência daquela maldita Sala de Espera, que nada mais é que um local onde o pai aguarda ser chamado para acompanhar o parto, mas para aquele que lá permanece, assemelha-se mais a um portal tridimensional onde tempo é desproporcional e segundos e séculos têm a mesma duração.


E foi lá, naquela sala de espera, que vi o sofá se transformar em uma máquina do tempo, que me trouxe lembranças do passado e me mostrou as expectativas para o futuro. Afinal, depois desse dia, nada mais seria como antes.


A primeira lembrança foi do meu pai, e em como em meio a toda a alegria vivida durante os nove meses de gestação, faltou-me aquele abraço forte e orgulhoso. Imaginei aquele sorriso inapagável de avô abobalhado ansioso pela chegada do neto. Aí caíram as lágrimas ao visualizar um futuro impossível no qual Paulo e João Gabriel brincavam juntos, avô e neto, meu pai e meu filho. Mas, logo lembrei que, felizmente, há pessoas dispostas a fornecer ao meu filho esse amor físico que meu pai só poderá dar por espírito, e, então, o preto virou cinza. Mas deixo a certeza, Pai, que o João Gabriel sempre ouvirá falar de você.


Depois sorri quando pensei em minha mãe. Sorri por saber que esse amor ele terá oportunidade de receber, incondicionalmente, para sempre. Sorri mais ainda ao imaginá-lo dizendo estar com saudades da Vovó Lygia, e fazendo com ela o que bem entender, assim como o pai fez quando criança. Pensei na minha irmã, no meu irmão e em minha amada sobrinha. Pensei em como estamos reiniciando nossa família, e como temos todas as possibilidades de sermos felizes. Pensei na família da minha esposa, hoje minha família também, e no amor, igualmente incondicional, que eles reservam ao meu filho. Pensei nos amigos, e nos filhos que eles terão, formando também, ao nosso lado, suas famílias.


Enfim, pensei na Renata, minha amada esposa, e no presente que dali a pouco ela me daria. Pensei na inevitabilidade do destino e em como as coisas já estão escritas. Lembrei de cada minuto desses 6 anos juntos, e em como eles virarão 60 um dia. Aí desabei quando vi nosso futuro. Um choro alegre, vindo de um homem feliz e completo, que enxergou nada mais que felicidade.


E, finalmente, quando a enfermeira chamou "acompanhante da Sra. Renata", a única coisa que veio a minha cabeça foi a resposta: "Para sempre!"


TE AMO JOÃO GABRIEL! VOCÊ É A LUZ NO INÍCIO DO MEU TÚNEL!

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